sábado, 8 de outubro de 2016

Templo Cultural Delfos: George Steiner: estamos matando os sonhos de nosso...

Templo Cultural Delfos: George Steiner: estamos matando os sonhos de nosso...: George Steiner - foto: Antonio Olmos "A essência do acto perfeito de leitura é, como vimos, de reciprocidade dinâmica, de resposta ...

sábado, 12 de março de 2016

Misericórdia

Hoje a  chuva  começou a  cair  cedo,
fininha , depois  engrossou.
Março  promete mais, mas  não  serão  as  últimas  águas.
O  pensamento traz  palavras  bonitas,
mas  a  melancolia as  levam embora  mais  rápido
que  o voo  do  beija-flor perdido  dentro de  casa.
No  corredor as  ideias  parecem desvanecer
em definitivo.Nem as  plantas respondem
à  pequena  brisa que  sopra  da  janela.
Sempre  foram paliativos para  as  aflições -  o  viço
e  o  perfume das  flores -
Mas  hoje não. E   as  palavras  nos  saem sombrias.
Atravessamos tempos de  grandes tempestades
e  março não  nos  dará  refresco.

Na  cozinha o cansaço parece  impregnar tudo.
As  frutas na  fruteira perdem o  colorido convidativo
e não  aguçam  o  apetite,
Assim como o  cheiro do  alho  fritando.
O que escorre dos  móveis, silenciosos em sua imobilidade,
é a poeira  do  ar. O  cuidado parece
nunca  ser eficaz, e  é  como se  estivesse
ali  há  anos.
Os  chamados constantes
O  toque  do  telefone  insistente,
A  paciência que  se  desdobra
e  as  ofensas vão  para  o esquecimento  benfazejo.
Somos  todos filhos de  mães  piedosas.
Somos  um país  carente,
mas  não  agonizante.
Tudo muda  para  melhor
ou para  o  fim definitivo.
E  tudo  recomeça
num ponto  final?
Essas são  palavras que  queremos renegar.
Mas nos  as  reconhecemos
no  cruzamento dos  olhares.
A  culpa nos persegue
como a  praga  dos  pernilongos.
Até nos  lembrarmos
que há  uma boa  nova
em meio às  angústias  do  cotidiano:
Antonio  vai  chegar.
lv-jf 11/3/2016

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

CANÇÃO

Nossos  mortos  queridos
Permanecem

Nossos  mortos queridos
Andam  nas  pontas
Dos  pés
E  não  deixam  bater
As  portas pra  não  assustar
As  crianças
Nem  acordar  nossos  sonhos

Nossos  mortos  queridos
Permanecem
Suas falas  são sussurros
Qual pé-de-vento ventinho
Nas  ramagens dos  jardins

Nossos  mortos  queridos
Nunca  partiram de  nós

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

7 DE SETEMBRO

Falaremos só  sobre coisas
Amenas?
Não  perturbemos o  descanso
Daqueles que  preferem-se
Avestruzes.
Encruzilho-me entre
A  palavra e  a não - palavra .
O  travesseiro  revirando
O  sono - não - sonho.
Não  há  ilusionismo  possível.
Prefiro  a  Justiça
Mas  o  injusto pesa -me
A  consciência.

Também  quero
Conversas amenas
Sobre  o  tempo.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Phantasm

Pois  que  minha sombra
não  é a  medida  de mim.
Seja  sob o  sol ardente
ou a  bruxuleante luz  do  corredor,
que me  agiganta
e  distorce  o  porte
feito  fantasma  fosse.

Conviva  com isso,
mulher!
Encolho-me.

Quem é  esta  que  vigia
o  tempo no  espelho,
presa  no  reflexo da  razão?

Quem é  esta que ignora
o relógio  no  peito,
presa nas teias  dos  sentidos?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ERVA DE PASSARINHO

Quando  a  chuva  passa
não  há  crianças na  praça.
mas  retornam  os  hóspedes habituais.
Aos poucos  ele  se  aconchegam
em pequenos grupos
e  os  bancos, ainda  úmidos,
são ocupados por  corpos
alquebrados , uns ,eretos , outros.
E  mesmo aguados,  os  olhos
se  buscam , se  procuram
e  os  parceiros  se  encontram
e  se  riem  à  toa como
quando  infantes   faziam.
A  praça  é  um  porto  seguro.
E  lá  se  deixam  ficar
até  os  últimos  raios de sol
não  conseguirem  mais  ultrapassar                                                                                                         a  barreira  das  ervas  de  passarinho
que  tomou  conta  do  copa  das árvores.
E  quando   a  sombra  fria  da  noite
descer  sobre  a  cidade,
a  praça  quedará  vazia  e silenciosa  de  risos,
Amanhã, amanhã,
seu  espírito há  de  retornar,
Quem  sabe,  com  o sol,                                                                                                                           as  criança  também                                                                                                                    


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Menina do Brasil

Marquei teu rosto
Ciranda de matizes
Arco de Iris e iris

Teu olho marquei
Horizonte e zênite
Boom de estrelas

Tua boca marquei
Canela, jambo
Leite e mel

Teu sorriso marquei
Manhã, tanto, quanto
Graça rosa e rosas

Tua voz marquei
Canto bem-te-vi
Chuva no serrado

Teus braços marquei
Asas , vento-sul
Céu - sol e lua

Teu corpo marquei
Árvore-menina
Semente - terra roxa.